quinta-feira, 2 de março de 2017

«O presidente dos afectos»


A minha profissão tem destas coisas, visitar certos locais e acompanhar ainda algumas pessoas.
Ontem estive na Casa dos Marcos - Raríssimas, na Moita, um espaço que recebe utentes com doenças raras ou raríssimas, fruto do sonho de uma grande Mulher, que assim cumpriu o último desejo do seu filho, também ele vítima de uma dessas doenças.

Acompanhei a visita de Marcelo Rebelo de Sousa, que recebeu das mãos destes jovens uma t-shirt com uma frase que confirma precisamente o que penso deste homem: 'Marcelo, um presidente raro'.

O carinho que vi ontem na sua visita, na interligação com os jovens, nas brincadeiras que encetou, nas conversas que manteve com um dos jovens que fez questão de o acompanhar durante toda a visita, na forma carinhosa como foi conversando com ele, aceitou as suas prendas e remoques, e até desenhou para uma das utentes, é algo que me tocou profundamente.

Não é uma imagem para as câmaras, que a determinada altura foram praticamente ignoradas, nem uma pose para 'mostrar'.

É uma forma de ser e estar genuína. Ninguém aguentava a fingir durante as quase duas horas que durou esta visita, lidando com miúdos muito, muito especiais.

Quase no final da visita, as funcionárias insistiram para que visitasse a capela, mas o staff insistia para que a visita terminasse, tendo em conta que o aguardava Ruy de Carvalho para uma merecida homenagem.

Perante a insistência das funcionárias, Marcelo Rebelo de Sousa tem uma resposta hilariante: Bem, se o Ruy de Carvalho já chegou aos 90 anos, pode esperar um bocadinho mais por mim, para ir ver a capelinha... e lá foi, fintando staff, jornalistas e motoristas...

Cá fora ainda deu autógrafos e acedeu satisfeito ao pedido de uma selfie de dois bombeiros da Moita.

E lá seguiu para Lisboa, depois para o Porto e ainda para Madrid, conforme explicou ao jovem João, para justificar o facto de não poder jantar na Casa dos Marcos.